A crise da Infância versus o desenvolvimento da criança segundo Deus
Ultimamente tenho ficado estarrecida com a “adultização” (se assim posso chamar) do universo infantil. Em que momento se perdeu a beleza da inocência, das brincadeiras de rua, do contato físico e emocional sadio com outras crianças na escola, e além dela.
As mini-fashionistas, os mini-modelos, as mini-miss, os mini-youtubers... A idade em que uma criança já tem sua própria rede social, privada, mas tão acessível, me deixa impressionada! Ao conviver diariamente com crianças e adolescentes no ambiente escolar, percebo o quanto essa “adultização” tem afetado não só as crianças, mas toda a relação social e emocional coexistente ao seu redor. A sexualização precoce, o interesse latente pela moda, o desejo de estar em alta e receber elogios e likes, o consumo exagerado de redes sociais, a falta de pudor, as crises de identidade, os transtornos de ansiedade e comportamento são alguns dos problemas claramente percebidos.
É importante salientar que o desenvolvimento da criança é muito diferente do desenvolvimento dos adultos. As crianças não aprendem sozinhas, pois necessitam ouvir, ver e imitar para aprender. Perceba que quando ainda bebê, mas já envolvida socialmente, a criança passa a imitar o que fazem os mais velhos. Chega até ser engraçado algumas situações em que um filho imita os “jeitos” de seus pais (falar, rir, andar, etc). As crianças são tão observadoras, que são capazes de reproduzir fielmente a postura e o comportamento dos seus pais, familiares, professores, amigos próximos, etc. Por isso, é fundamental ter bastante cautela nessa fase.
Podemos aqui fazer uma analogia do crescimento de uma criança com o desenvolvimento de uma planta, desde a semente. Para uma boa germinação, é necessário que a semente seja proveniente de plantas sadias e que o meio em que a mesma é semeada seja um solo nutritivo e bem aerado. A germinação é a fase em que a planta mais necessita de água para sobreviver, sua absorção é muito maior. É necessário que a quantidade seja suficiente para cada fase. Nem demais, nem de menos. A pequena planta precisa de cuidados especiais, atenção e dedicação para que venha a se tornar forte e viçosa. Assim também são as crianças. Se elas forem bem alimentadas, quando adultas serão fortes e saudáveis. Mas se seu alimento for pouco nutritivo, serão fracas e improdutivas.
Vemos no capítulo 2 de Lucas (vers. 39-52) um vislumbre do crescimento de Jesus. A bíblia não conta com detalhes como foi sua infância e adolescência, mas deixa claro que Jesus “crescia e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria” (vers. 40). Será que Jesus foi uma criança como as outras? Imagino que gostava de brincar, de comer com outras, de ajudar seu pai no serviço de carpintaria, mas certamente havia algo diferente nele: assim como crescia em estatura, crescia também em sabedoria e graça.
Quando Deus escolheu José e Maria, Ele conhecia seus corações e sua conduta. Deus sabia que eles se dedicariam ao crescimento espiritual do seu Filho Amado (Ele é onisciente!). Observando o texto de Lucas, podemos vivenciar um momento importante na vida de Jesus. Depois de muitos anos observando a ida de seus pais à Jerusalém, ao completar doze anos Jesus foi com eles a Festa da Páscoa, como no costume judeu. Ele devia estar eufórico! Os pais de Jesus sempre foram exemplos de obediência e reverência a Deus (vers. 21, 22, 39, 41). Assim também os pais, familiares e professores devem ser exemplos para as crianças.
Em um dado momento, nesta mesma passagem, Jesus se afasta dos seus pais. Ao sentirem sua falta, vão em busca dele por todos os lugares e o acham no templo. O templo era o lugar onde se reuniam os grandes doutores da lei para discutir as escrituras. Por isso os pais de Jesus ficaram tão surpresos ao encontra-lo no meio dos “mestres”. Na ocasião Jesus estava a ouvi-los e a pergunta-los. Maria deve ter ficado encantada e perturbada ao mesmo tempo! E você também deve estar pensado... Mas Jesus era só uma criança! Sim! Mas diferentemente das outras crianças, ele crescia em sabedoria e graça (crescimento espiritual). Lucas relata que todos se admiraram com a inteligência de Jesus e de suas respostas. Mesmo que seus pais não tenham compreendido sua atitude, podemos ler nas escrituras que a mãe de Jesus guardava todos esses fatos em seu coração (v. 51).
Deus deseja que a criança cresça em sabedoria e graça através do ensino da palavra.
Que ensinamentos contribuíram para o crescimento espiritual de Jesus?
Primeiramente e antes de tudo, o exemplo. Jesus observava a conduta dos seus pais e aprendeu a se comportar como eles. Os pais de Jesus foram exemplos de obediência e reverência a Deus. “Os filhos podem fechar os ouvidos para os conselhos, mas abrem os olhos para os exemplos.” (autor desconhecido)
Segundo, atos de sabedoria (v. 46-47). Os pais de Jesus o ensinaram princípios de sabedoria e o instruíram, sobretudo, na palavra. Já dizia Pitágoras: “Educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos.”
Terceiro, ensinos de obediência (v. 51) Aquilo que Jesus observava ano após ano nas atitudes de adoração e devoção de seus pais era muito mais do que simplesmente ir ao templo, era obediência a Deus.
Muitas pessoas consideram o crescimento espiritual da criança pouco importante ou secundário. Não se preocupam em trazê-lo à Igreja, não o incentivam a amar a casa de Deus, se doar pelos irmãos da fé e honrar ao seu pastor, não demonstram importância em aprender a Palavra, tão pouco se incomodam com o exemplo que estão dando em casa, ou fora dela; mas se preocupam que a criança vá a escola, tire boas notas, tenha bons amigos, garanta boas diversões, construa um brilhante futuro profissional... e sua vida espiritual “fica pra quando estiver adulto”.
A Bíblia não nos ensina assim. Provérbios 22:6 enfatiza a importância de ensinar o Caminho da sabedoria e obediência à criança: “Ensina a criança no caminho em que deve andar...”.
É muito importante incentivar as crianças a amar a Deus e a sua palavra. Jesus também se lembrou das crianças em seu ministério e mostrou o quanto são importantes para o Reino dos Céus. O ministério infantil é tão importante quanto qualquer outro ministério. Assim como as plantas em fase de crescimento, as crianças necessitam de cuidado especial, atenção exclusiva, dedicação e alimentação nutritiva da palavra para que cresçam fortes e permaneçam no Caminho.
Lembremos que “Tudo o que semearmos, certamente colheremos.” Gálatas 6:7
Maresa Radassa
Texto importante para os tempos de hoje, visto que, o círculo familiar que deveria existir, hoje tem mais brecha do que tudo na vida. São pais que não tem controle dos filhos, são filhos desobedientes e maiores que os pais e etc. Mas o principal de tudo é realmente a falta do lado espiritual, crianças que têm crescido a luz do que o mundo diz e não do que Deus deseja que elas saibam. Que Deus tenha misericórdia.
ResponderExcluir